Cidadãos apontam saídas para o desenvolvimento econômico

Urussanga é reconhecida historicamente por sua cultura, tradições e pela forte ligação com a vitivinicultura. Nos últimos anos, porém, o debate sobre o desenvolvimento econômico local tem ganhado força, principalmente em razão das transformações sociais e das oportunidades que se abrem em setores como turismo, enogastronomia, tecnologia e indústria.

Para entender melhor as expectativas e propostas da comunidade, a reportagem ouviu empresários, profissionais liberais e produtores do município. Os depoimentos revelam diferentes visões, mas convergem em um ponto central: a necessidade de preparar Urussanga para reter talentos, incentivar o empreendedorismo e valorizar suas vocações econômicas e culturais.

“Precisamos de cursos alinhados

às necessidades da cidade”

Manuel dos Santos Neres,

empresário dos ramos de informática e bebidas.

Natural de Água Doce e residente em Urussanga há 15 anos, Manuel destaca que a cidade carece de formação profissional ajustada à realidade local.

“Devemos ter cursos voltados à viticultura, enologia, turismo e gastronomia. Além disso, o setor tecnológico precisa de atenção, com capacitação em informática, segurança digital e empreendedorismo. Muitos jovens deixam Urussanga para buscar oportunidades fora e, quando voltam, não sabem como investir. Falta orientação para que esse dinheiro gere desenvolvimento aqui, e não apenas investimentos em imóveis.”

“É preciso incentivar o espírito empreendedor”

Rangel Quagliotto,

empresário

Para Rangel, a cidade precisa ir além da formação técnica e valorizar a criatividade empresarial.

“Sinto falta de incentivo ao empreendedorismo. Hoje, formamos profissionais para serem empregados, mas não empreendedores. Há uma comunidade que retorna da Europa com recursos para investir, mas que precisa de orientação para empreender aqui. É o incentivo ao empreendedorismo que fará Urussanga prosperar e gerar riqueza.”

“Urussanga precisa preparar seus investidores”

Eduardo Cardoso,

correspondente bancário no segmento imobiliário

Segundo Eduardo, muitos recursos chegam do exterior, mas não encontram espaço para dinamizar a economia local.

“É fundamental oferecer cursos de administração, gestão de caixa e direcionamento para novos negócios. Temos que mostrar quais são as áreas em que vale a pena investir em Urussanga. Muitos voltam com recursos, mas sem clareza de como aplicá-los, acabam parando no setor imobiliário. Isso não movimenta a economia como deveria.”

“O segredo está em valorizar nossas vocações”

Lindomar Caciatori Júnior, engenheiro químico

Lindomar defende que a cidade deve apostar em setores onde já possui tradição e força produtiva.

“Urussanga precisa seguir suas vocações. Temos a cultura do vinho e da gastronomia, que precisam ser mais exploradas. Ao mesmo tempo, concentramos grandes indústrias de esquadrias de alumínio. Essas empresas poderiam investir em uma escola de formação profissional, assim como já aconteceu em outras regiões. É com base nas nossas vocações que vamos crescer.”

“Não basta crescer sem qualificação”

Henrique Reichert Damian Preve,

engenheiro agrônomo

Henrique alerta para a necessidade de qualificação profissional como base para o crescimento.

“Não adianta expandir festas ou atividades turísticas se não tivermos mão de obra especializada para atender a demanda. Urussanga precisa de escolas de turismo, gastronomia, arquitetura e urbanismo. Temos potencial enorme, mas sem profissionais preparados, esse potencial não se concretiza.”

“Políticas públicas são o

motor do desenvolvimento”

Diógenes Damiani, engenheiro civil

e de segurança aposentado

Diógenes ressalta que o crescimento depende de iniciativas públicas que fortaleçam setores estratégicos.

“O alavancar da economia está diretamente ligado a políticas públicas que incentivem novos negócios e fortaleçam o mercado de trabalho. Investir em construção civil e no pequeno empreendedor gera empregos rapidamente e tem impacto direto na qualidade de vida da população.”

“Urussanga precisa se preparar

para receber turistas”

Franklin De Noni,

produtor de vinhos

Produtor local, Franklin acredita que a cidade deve investir em estrutura cultural e gastronômica.

“O incentivo à cultura é fundamental. Temos vinícolas e infraestrutura, mas ainda falta preparo para receber turistas. Uma escola de gastronomia, por exemplo, traria novas opções e qualificaria melhor nossos serviços. Urussanga precisa estar pronta para mostrar o que tem de melhor.”