Chico Battilana: A história do italiano que deixou sua marca em Urussanga
- MARCIA MARQUES COSTA

- há 57 minutos
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Nascido em 1880 na pequena cidade de Longarone, na Itália, Francesco de Cesaro, mais conhecido como Chico Battilana, é uma figura emblemática da colonização italiana no sul do Brasil. O apelido “Battilana” remete à tradição familiar na Itália, ligada ao trabalho com lã de ovelha, um símbolo das raízes rurais e artesanais que acompanhariam sua trajetória.
Chegando ainda criança ao Brasil, Chico fixou-se inicialmente em Azambuja, no município de Pedras Grandes, onde viveu até seus vinte e poucos anos. Em 1906, solteiro e com a profissão de sapateiro – fabricando e consertando calçados –, mudou-se para Urussanga, local onde deixaria seu legado.
Reconhecido por sua eloquência e talento para a oratória, Chico Battilana escreveu discursos para ocasiões importantes, especialmente para homenagear pessoas influentes falecidas na comunidade. Sua habilidade verbal também o levou a atuar como promotor ad hoc em um júri local, função na qual se destacou notavelmente. Autodidata e leitor ávido, ele mesmo afirmava não ter tido educação formal, mas compensava com dedicação e inteligência. Era conhecido ainda por ser um campeão em palavras cruzadas, demonstrando seu apreço pelo conhecimento.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Chico possuía um dos poucos rádios existentes em Urussanga.
Com cuidado para evitar qualquer tipo de vigilância ou represália – comuns à época –, organizava encontros discretos para ouvir os noticiários da Alemanha.
A cautela era tanta que orientava seu visitante a verificar se havia alguém nas redondezas antes de entrar em sua casa.
Além de suas qualidades intelectuais e profissionais, Chico Battilana era um talentoso cantor na igreja local e participava ativamente das celebrações cívicas da comunidade. Em datas importantes como o 7 de setembro e o centenário de Urussanga, era figura presente com seus discursos.
Sua ligação com a Itália permaneceu viva ao longo da vida. Fez duas viagens ao país natal e trouxe consigo um saquinho com terra da sua cidade de origem, que foi sepultado junto dele.
Chico rezava as exéquias nos funerais e ensinou o amigo Adão Bettiol a fazê-la.
Casado com Dona Vicenza, Chico foi o último italiano nato a morrer em Urussanga — uma comunidade marcada pela forte presença italiana desde as primeiras gerações.
A história de Chico Battilana é um testemunho da riqueza cultural e da perseverança dos imigrantes italianos que ajudaram a construir as bases sociais e culturais do sul do Brasil.










