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Bettiol revela como era a vida na Benedetta na 2ª Guerra Mundial

Cidadãos precisavam de salvo- conduto para saírem de casa


Armando Bettiol
Armando Bettiol

Na semana em que se comemora a Independência do Brasil, com temas como soberania nacional, segurança e patriotismo sendo debatidos no país enquanto o mundo teme o início da terceira guerra mundial, o Jornal Panorama foi ouvir o urussanguense Armando Bettiol que, na sabedoria dos seus 95 anos, resgata as dificuldades enfrentadas pela população de Urussanga no período da Segunda Guerra Mundial.

Segundo Bettiol, o controle estatal era rigoroso, chegando ao ponto de restringir livremente a circulação das pessoas.

“Para viajar até Criciúma, sair do município de Urussanga ou participar de reuniões, era necessário portar um salvo-conduto — uma espécie de carteira de identidade emitida pelo governo”, explica.

Esse documento exigia custos para emissão: fotografia, taxas na delegacia e reconhecimento de firma em cartório. Com validade limitada a seis meses, o salvo-conduto precisava ser renovado constantemente.

Quem fosse flagrado circulando sem ele enfrentava prisão imediata. O controle policial se refletia também em episódios emblemáticos como o da prisão simbólica do Padre Luigi Gilli. Durante uma missa celebrada em latim — idioma tradicional no rito católico — o delegado Joaquim Cavalheiro Mendes tentou prender o sacerdote sob a acusação de incentivar italianos à guerra.

A reação da comunidade foi imediata e firme: cerca de cem pessoas impediram a prisão dentro da igreja, contando ainda com o apoio do promotor Manoel Lobão de Queiroz, presente no local.

Esse episódio ilustra o clima tenso e as limitações à liberdade vividas na época, com autoridades locais adotando medidas duras em nome da segurança nacional, mesmo contra figuras respeitadas da comunidade.

O relato de Armando Bettiol oferece um olhar único sobre um período marcado por vigilância intensa e restrições que afetaram diretamente o cotidiano dos moradores de Urussanga, evidenciando os impactos da guerra mesmo longe das linhas de frente.


SAIBA MAIS

Estima-se que a 2ª Guerra Mundial, conflito militar global travado de 1939 a 1945 entre as potências do Eixo e os Aliados, resultou em cerca de 60 a 85 milhões de mortos.

Iniciada com a invasão alemã da Polônia, a guerra abrangeu vários continentes, marcou eventos como o Holocausto e terminou com a derrota do Eixo após os ataques nucleares dos EUA ao Japão. Objetivo do ataque americano foi fazer o Japão se render, após os japoneses terem atacado a base naval americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941. A bomba de Hiroshima foi lançada no dia 6 de agosto, de 1945.

Um fato curioso que foi registrado pela escritora Marcia Marques Costa em seu livro Tanti Anni Dopo, é que imigrantes italianos radicados em Urussanga, ficaram estremecidos ao saberem que seu país de origem apoiava o Eixo: Alemanha, Itália e Japão, pois isso os conferia o status de suspeitos vivendo no Brasil, que sob o comando de Getúlio Vargas manteve-se neutro até 1942. Nesse ano,o Brasil precisou tomar posição ao ser atacado por submarinos alemães, e colocou-se ao lado dos Aliados: Reino Unido, França, União Soviética, Estados Unidos e China.

Posteriormente a Itália se rendeu com a deposição de Mussolini, e o Pracinha urussanguense Frederico De Pellegrin, participou da guerra nas batalhas finais no norte da Itália usando o slogan da Força Expedicionária Brasileira: “ A cobra vai fumar”.

 
 
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