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Missionário que ajudou a fundar a escola de língua italiana Luigi Marzano visita Urussanga


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Formatura da Primeira Turma da Escola de Língua Italiana Padre Luigi Marzano. Dezembro de 1985. Da esquerda para vdireita: Aroldo Baz Batti, Pedro Milanês (Agente Consular), Hedi e Amabile Damian, prefeito Dr. Ado Cassetari Vieira e esposa Ana, Ida Bez Batti, padre Vitor Antonio Lipari, Ester Zanellato, Ivani Zanellato Peron, Rogério De Bona, Gilson Antonio Fontanella e Primo.


“A história é mestra sempre”, diz o padre Vitor Antonino Lipari, com o olhar sereno de quem atravessou continentes, fronteiras e culturas em nome da fé e da educação.

Natural de Santo Teodoro, uma pequena cidade de 1.500 habitantes na província de Messina, na Sicília, o padre Lipari guarda no coração uma ligação profunda com Urussanga, cidade marcada pela herança italiana. Foi ali que, nos anos 1980, ele ajudou a plantar as primeiras sementes do ensino formal da língua italiana, projeto que se tornaria referência na região sul de Santa Catarina.


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O elo entre o sacerdote e Urussanga nasceu de uma amizade e de um sonho. “A falecida Ana Mariotti me convidou para começar esta escola”, recorda emocionado, ao falar de Ana Maria Mariotti Cassetari Vieira, primeira-dama do município à época, esposa do então prefeito Ado Cassetari Vieira. “Juntos estivemos em Curitiba, conversamos com o cônsul, tivemos o material escolar e começamos a escola de italiano. Estou muito feliz de encontrar hoje pessoas que falam italiano efetivamente”.

A iniciativa deu origem à Escola Padre Luiz Marzano, um marco para a preservação da língua e da cultura italiana em Urussanga. “Deve ter sido em 1984 ou 1985”, lembra o padre. “Foi um pouco antes do centenário de Criciúma, mas nós começamos antes deles a escola de italiano”.

Naquele tempo, o trabalho voluntário e o entusiasmo da comunidade deram corpo a um projeto que unia história, identidade e fé. “Fiquei muito feliz, de verdade”, repete o padre, com a alegria simples de quem vê o passado ecoar no presente.

Hoje, aos 50 anos de sacerdócio — que celebrará entre a Itália e a Índia —, o padre Lipari leva consigo o mesmo espírito missionário que o conduziu pelo Brasil. Há 36 anos, ele vive na Índia, onde fundou um seminário que transformou vidas. “Temos 85 padres e 4.500 crianças que estamos ligando a uma família da Itália com uma família de lá. Estou muito feliz daquilo que foi realizado, com muitas casas que construímos e ajuda para cegos, surdos e mudos, filhos de presos”, relata.

As diferenças culturais entre os dois países não o afastaram da missão. Ao contrário, o encantaram. “Os indianos são um povo muito nobre, esplêndido, com uma cultura imensa”, descreve. “Apesar da pobreza, têm uma dignidade impressionante. Uma vez que você dá uma instrução, eles amam estudar. São muito bons em ciências matemáticas, computação, engenharia e medicina”.

A presença do padre na Índia, contudo, é feita de idas e vindas. “Não tenho residência fixa porque o país ainda não permite”, explica. “Podemos ficar três meses, com extensão até seis. Depois, precisamos sair e tentar voltar. Mas, não obstante tudo, aquele povo merece a nossa atenção.”

Mesmo distante, o sacerdote nunca deixou de acompanhar o desenvolvimento de Urussanga e da região carbonífera. “Quando vim agora, vi um progresso enorme em Criciúma, em Santa Catarina: as estradas, os edifícios, as pessoas…”, observa. “Esperamos que também que se possa continuar ajudando as áreas mais pobres, há problemas de droga, mas o resto é fantástico”.

Com um olhar de quem sempre acreditou no poder da educação e da família, ele faz um apelo às autoridades. “Que invistam muito para trabalhar com as famílias dessas crianças. O trabalho com as famílias é essencial. Temos exemplos lindos, como o Bairro da Juventude e a SCAN. Um progresso enorme. Mas é preciso envolver também as famílias, para que os resultados sejam mais eficientes”.

A passagem por Urussanga deixou no padre Lipari lembranças e laços que o tempo não apagou. “Soube ainda na Itália do falecimento da Ana e senti muito. Rezei naquele dia”, conta. “Lembro de quando conversamos para traduzir o livro I Primi Italiani Nelle Foreste del Brasile, Os Primeiros Colonizadores Italianos, que depois foi publicado. Fiquei muito contente, porque me emocionei muito quando vi aquele livro”.

Antes de retornar à Itália, o padre segue revendo amigos e reencontrando as raízes de um tempo que o marcou. “Até o dia 10 de novembro fico no Brasil”, diz. Depois, parte novamente rumo à Índia, onde será recebido com festa. “Vamos celebrar meio século de sacerdócio e a ordenação de outros sete padres. Uma bela graça de Deus. Com esses padres, estamos indo para a África, o norte da Índia e outros continentes.”

Entre a Sicília, Urussanga e a Índia, o padre Vitor Antonino Lipari carrega uma história que une povos, línguas e corações. E repete, com a serenidade de quem viveu muito e aprendeu mais ainda: “A história é mestra sempre”.

 
 

Criado por Lady Cogumelo - Panorama SC

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