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Fura-fila Covid - Justiça absolve profissionais em Urussanga


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Após um longo processo que já durava mais de três anos, a Justiça absolveu as servidoras públicas de Urussanga acusadas de supostas irregularidades na vacinação contra a COVID-19. As servidoras Ingrid Zanellato (ex-secretária de Saúde) e Lilyan Vieira Barzan Pluceno da Silva (ex-coordenadora da Atenção Básica), junto com as enfermeiras Amanda Rinaldi, Ana Paula W. Salvador, Marília Ferreira Marcineiro e a técnica de enfermagem Bárbara Euzebio Burin, tiveram suas inocências reconhecidas pelo juiz da comarca, Roque Lopedote.


Segundo informações repassadas ao Panorama, em sua sentença, o magistrado acolheu o entendimento do próprio Ministério Público que, após investigação, concluiu pela inexistência de ilícitos e pediu a absolvição das acusadas. A decisão judicial repara a honra das profissionais, destacando seu compromisso com o interesse público durante um dos períodos mais críticos da saúde no país.



A Sentença: Reconhecimento do Trabalho Ético

A sentença foi categórica ao afirmar que as provas apresentadas durante o processo demonstram a notória inocência das servidoras.

O juiz Lopedote ressaltou em seu documento:

“A conduta das rés, nesse contexto, mais transparece compromisso com o interesse público e eficiência administrativa, não havendo qualquer indício de desvio de finalidade. [...] Não há provas de ter havido qualquer direcionamento visando o favorecimento de familiares, mas sim a observância de critérios técnicos e a busca pela preservação de vidas.”



Relembrando o Caso: O Início de um Calvário Público


O caso teve início em outubro de 2021, quando o MP de Santa Catarina moveu uma ação contra as profissionais sob a acusação de "fura-fila" na vacinação.

No entanto, o processo foi marcado por um constrangimento público imediato e violador.

Antes mesmo da formalização das intimações, os nomes das acusadas e detalhes do processo foram vazados para a imprensa e redes sociais, com menções a valores de multa e bloqueio de bens.

A situação foi traumatizante: uma das profissionais soube do caso durante um atendimento a um paciente, quando um colega lhe mostrou a notícia na internet. Em seguida, descobriu que sua conta bancária havia sido bloqueada.

Apesar do abalo, elas tiveram que retornar ao trabalho no dia seguinte, enfrentando piadas e questionamentos constrangedores de colegas e pacientes, enquanto tentavam manter a dedicação de sempre.


O Contexto Real: Dedicação em Tempos de Guerra


A acusação contrastava brutalmente com a realidade do trabalho dessas profissionais durante a campanha de vacinação. Em um momento de luto e medo nacional, elas se desdobravam para imunizar a população seguindo rigorosamente os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde; estendendo turnos e trabalhando aos sábados para evitar o desperdício de doses e atender o máximo de pessoas possível; enfrentando filas intermináveis e a exaustão física e mental em meio a um cenário de mortes diárias.

Este esforço ocorria em um momento histórico marcado por luto e medo, com mortes diárias por COVID-19. Para essas profissionais, a pressão era imensa, mas a motivação era clara: cada vacina aplicada representava uma vida a menos perdida para a pandemia.

A dedicação era movida por esse propósito fundamental.


A Invisível Carga da Enfermagem na Pandemia


O caso joga luz sobre a monumental carga suportada pelos profissionais de enfermagem durante a pandemia. Eles foram a espinha dorsal do sistema, assumindo papéis que iam muito além dos técnicos:

· Triagem e Atendimento Inicial: A primeira linha de frente contra o vírus desconhecido.

· Educação em Saúde: Esclarecendo dúvidas em tempo real para uma população assustada.

· Acolhimento e Suporte Emocional: Sendo o ombro amigo e a voz calma por trás das máscaras.

· Gestão do Próprio Estresse: Carregando o medo constante de contaminar suas próprias famílias e o trauma de testemunhar tanto sofrimento.


A resiliência demonstrada não era sobre a falta de medo, mas sobre a coragem de seguir em frente apesar dele. A absolvição judicial, portanto, vai além de um trâmite legal; é um reparo simbólico à dignidade daqueles que deram tudo de si em nome da vida.

 
 

Criado por Lady Cogumelo - Panorama SC

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