De Lorenzi:de agricultor a líder nacional na suinocultura
- MARCIA MARQUES COSTA

- 2 de out.
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Agricultor de origem simples, atual presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos construiu uma história marcada por organização, inovação e representatividade no setor.
Nascido em 1º de agosto de 1969, na comunidade de Palmeiras do Meio, em Orleans (SC), Losivanio Luiz De Lorenzi cresceu em meio ao trabalho agrícola. Ao lado dos pais e seis irmãos, dedicou-se desde cedo ao cultivo de fumo, criação de aves e suinocultura, atividade que mais tarde se tornaria a base de sua trajetória profissional.
Na década de 1990, a família deu início à criação de suínos em sistema profissional. O trabalho se intensificou em 1996, quando passaram a arrendar granjas em Cocal do Sul. Porém, em 2003, com a expansão do perímetro urbano na região, a atividade precisou ser encerrada.
O início dos anos 2000 foi marcado por uma forte crise na suinocultura, o que levou produtores a buscar maior organização e representatividade. Nesse contexto, a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) se tornaria o espaço central de articulação – e onde Losivanio iniciaria sua caminhada como liderança do setor.
Em 2003, movimentos de oposição ao então comando da ACCS reuniram produtores de várias regiões de Santa Catarina. Representantes do Sul, entre eles Losivanio, conquistaram a vice-presidência em uma chapa de consenso, garantindo voz à região até então pouco representada.
A trajetória ascendente o levou a assumir a presidência em julho de 2010, após a saída de Wolmir de Souza, então presidente. Nos anos seguintes, foi reconduzido sucessivamente ao cargo, muitas vezes sem enfrentar oposição. Desde então, consolidou-se como uma das principais lideranças da suinocultura catarinense e nacional.
À frente da ACCS, Losivanio esteve envolvido em uma série de iniciativas de impacto direto sobre produtores e consumidores. Em 2013, criou um estúdio de rádio profissional, firmando convênios com 26 emissoras para levar semanalmente informações técnicas e de mercado aos associados.
Um ano depois, participou da fundação da Cooperativa de Suinocultores de Santa Catarina (COASC), que possibilitou compras conjuntas de insumos, reduzindo custos para os produtores independentes. Entre as ações de destaque, esteve também o primeiro leilão de suínos transmitido ao vivo pela televisão brasileira, realizado em 2015, em Concórdia, com alcance nacional por meio do Canal Rural.
No campo da genética, a construção da primeira central de sêmen suíno do país estruturada sob princípios de bem-estar animal colocou Santa Catarina como referência nacional. Além disso, ações criativas de comunicação, como revistas e concursos de culinária, ajudaram a aproximar o consumidor final da carne suína, quebrando tabus e promovendo a praticidade do produto no dia a dia.
Além da experiência prática no campo, Losivanio buscou qualificação acadêmica. Concluiu em 2016 o curso superior de Tecnologia em Agronegócio e, em 2023, finalizou o MBA em Agronegócio.
No plano internacional, assumiu em novembro de 2024 a presidência do BRIPAEM – Bloco Regional de Intendentes, Prefeitos, Alcaldes e Empresários do Mercosul. A entidade reúne lideranças de sete países da América do Sul e tem como objetivo ampliar a integração logística e econômica da região. Entre os projetos em andamento estão a chamada “rota do milho”, que reduz custos e distâncias no transporte do grão, e a Rota Bioceânica, alternativa que pode diminuir em até 17 dias o tempo de exportação para a Ásia.
A gestão de Losivanio também foi marcada por manifestações públicas em defesa da suinocultura. Em 2012, uma ação simbólica durante feira em Braço do Norte – com a exposição de cruzes no lugar de animais – ganhou repercussão nacional e chegou ao Senado Federal. Posteriormente, mobilizações em Brasília reuniram produtores de todo o país para pressionar por políticas públicas de enfrentamento às crises do setor.
Mais recentemente, a ACCS teve papel decisivo na construção da portaria estadual de biosseguridade para granjas de suínos, aprovada em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura e a Cidasc. A medida estabelece padrões que devem ser implementados até 2025, fortalecendo a qualidade e a segurança da carne suína produzida em Santa Catarina.
Ao longo de mais de duas décadas de atuação institucional, Losivanio Luiz De Lorenzi ajudou a consolidar a ACCS como a principal entidade representativa da suinocultura no país. Sua trajetória combina experiência prática, capacidade de articulação e visão estratégica para enfrentar crises, modernizar processos e abrir caminhos de integração internacional.
“Estar à frente da ACCS não é apenas representar os produtores, mas também criar condições para que a suinocultura continue crescendo, com qualidade, inovação e sustentabilidade”, afirma.
No próximo mês de outubro, a entidade realizará novas eleições, novamente com chapa única inscrita. Para os associados e parceiros, o resultado é reflexo da confiança em um trabalho que continua a escrever capítulos importantes da história da suinocultura brasileira.










